«Um romance histórico inovador. Personagem
principal, o Convento de Mafra. O escritor aparta-se da descrição engessada,
privilegiando a caracterização de uma época. Segue o estilo: "Era uma vez um rei
que fez promessas de levantar um convento em Mafra... Era uma vez a gente que
construiu esse convento... Era uma vez um soldado maneta e uma mulher que tinha
poderes... Era uma vez um padre que queria voar e morreu doido". Tudo, "era uma
vez...". Logo a começar por "D. João, quinto do nome na tabela real, irá esta
noite ao quarto de sua mulher, D. Maria Ana Josefa, que chegou há mais de dois
anos da Áustria para dar infantes à coroa portuguesa a até hoje ainda não
emprenhou (...). Depois, a sobressair, essa espantosa personagem, Blimunda, ao
encontro de Baltasar. Milhares de léguas andou Blimundo, e o romance correu
mundo, na escrita e na ópera (numa adaptação do compositor italiano Azio
Corghi). Para a nossa memória ficam essas duas personagens inesquecíveis, um
Sete Sóis e o outro Sete Luas, a passearem o seu amor pelo Portugal violento e
inquisitorial dos tristes tempos do rei D. João V.» (Diário de Notícias, 9 de
Outubro de 1998)

